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Como se desencadeia o Processo de Ganho de Massa Muscular no Corpo?


Personal trainers e profissionais de educação física passam com frequência horas lendo artigos e fazendo pesquisas sobre novos programas de treinamento e ideias de exercícios para o ganho de massa muscular. Entretanto, muito por causa da sua complexidade fisiológica, poucos profissionais estão tão bem informados de como os músculos se adaptam e crescem baseado no aumento progressivo da carga exigente dos exercícios.


Na verdade, o músculo esquelético é o tecido mais adaptável do corpo humano e a hipertrofia muscular (aumento de tamanho) é um tópico bastante pesquisado, ainda que considerado uma ampla área de pesquisa. Esse artigo irá fornecer uma pequena atualização sobre algumas intrigantes mudanças celulares, que ocorrem levando ao ganho de massa muscular, conhecida como a teoria da hipertrofia da célula satelital.


Estresse muscular: Ativando as células satélite

Quando os músculos são submetidos a um treinamento intensivo, como em uma sessão de treinamento de resistência, ocorre um estresse nas fibras musculares que é chamado na literatura de estresse ou lesão muscular. Essa ruptura da célula muscular ativa as células satélite, as quais estão localizadas no exterior das fibras musculares entre a lâmina basal (membrana basal) e a membrana plasmática (sarcolema) das fibras musculares para espalhar ao local da lesão (Charge and Rudnicki 2004).


Em suma, um esforço biológico para reparar ou substituir o dano das fibras musculares começa com a fusão das células satelitais e das fibras musculares, frequentemente levando ao aumento da fibra muscular ou a hipertrofia. As células satélite têm apenas um núcleo e podem se replicar através da divisão. Assim que as células satélite se multiplicam, algumas continuam como organelas na fibra muscular, a maioria se diferencia (as células em processo viram células maduras) e se funde com as fibras musculares, para formar novas proteínas musculares (ou miofibrilas) e/ou reparar as fibras lesionadas.

Dessa forma, as miofibrilas dos músculos irão aumentar em espessura e em quantidade. Após a fusão com a fibra muscular, algumas células satélite servem como fonte de novos núcleos para suplementar as fibras musculares em crescimento. Com esses núcleos adicionais, as fibras musculares podem sintetizar mais proteínas e criar mais miofilamentos, conhecidos como actina e miosina, nas células musculares esqueléticas.

É interessante notar que grandes números de células satélite são encontrados associados em fibras musculares de baixa contração se comparadas às fibras musculares de alta contração dentro do mesmo músculo, enquanto elas estão passando regularmente por uma manutenção celular devido às atividades diárias.


Fatores do ganho de massa muscular

Os fatores de crescimento são hormônios e compostos sob a forma de hormônios que estimulam às células satelitais a produzirem os ganhos em tamanho de fibra muscular. Esses fatores mostraram afetar o crescimento muscular através da regulação da atividade da célula satelital. Fator de crescimento hepatócito (HGF) é o regulador principal da atividade da célula satelital. Ele já demonstrou ser o fator ativo nos músculos lesionados e podem também ser responsáveis por causar a migração das células satelitais para a área muscular lesionada (Charge e Rudnicki 2004).


Fator de crescimento fibroblástico (FGF) é outro importante fator de crescimento na reparação muscular após o exercício. O papel do FGF pode ser o da revascularização (formação de novos capilares sanguíneos) durante a regeneração muscular (Charge e Rudnicki 2004).


Uma grande quantidade de pesquisa tem focado no papel do fator de crescimento sob a forma de insulina-I e II (IGFs) no ganho de massa muscular. Os IGFs têm um papel central na regulação da quantidade de crescimento da massa muscular, promovendo alterações no DNA para síntese proteica, e promovendo a reparação das células musculares.


A insulina também estimula o ganho de massa muscular, acentuando a síntese proteica e facilitando a entrada de glicose nas células. As células satelitais usam a glicose como substrato energético, possibilitando assim as atividades de crescimento muscular. E a glicose também é usada para as necessidades intramusculares.

O hormônio de crescimento também é altamente reconhecido pelo seu papel no ganho de massa muscular. O exercício de resistência estimula a liberação do hormônio de crescimento da glândula pituitária anterior, sendo os níveis de liberação muito dependentes da intensidade do exercício. O hormônio do crescimento ajuda a engatilhar o metabolismo de gorduras para uso energético no processo de crescimento muscular. Da mesma forma, o hormônio do crescimento estimula a absorção e incorporação de aminoácidos em proteínas do músculo esquelético.


Por último, a testosterona também afeta a hipertrofia muscular Veja mais AQUI. Esse hormônio pode estimular o crescimento na pituitária, a qual acentua a absorção celular de aminoácidos e a síntese proteica no músculo esquelético. Além disto, a testosterona pode aumentar a presença de neurotransmissores no local da fibra, os quais podem ajudar a ativar o crescimento do tecido. Como um esteroide, a testosterona pode interagir com os receptores nucleares no DNA, resultando em síntese proteica. A testosterona pode também ter algum tipo de efeito regulatório nas células satelitais.


Ganho de massa muscular: A cena ‘maior’

A discussão anterior mostra claramente que o crescimento muscular é um processamento molecular biológico da celular complexo envolvendo a interação de diversas organelas celulares e de fatores de crescimento, ocorrendo como resultado do exercício de resistência. Entretanto, algumas aplicações importantes precisam ser resumidas. O ganho de massa muscular ocorre quando o índice de síntese de proteína muscular é maior que o índice de quebra de proteína. Ambas, a síntese e a quebra das proteínas são controladas por mecanismos celulares complementares.

O exercício de resistência pode estimular profundamente a hipertrofia da célula muscular e um ganho resultante de força. Entretanto, o curso de tempo para essa hipertrofia é relativamente lento, geralmente levando várias semanas ou meses para ficar aparente (Rasmussen e Phillips, 2003). Interessante é que um único treino estimula a síntese proteica em 2-4 horas após o exercício, o que pode permanecer elevado por até 24 horas (Rasmussen and Phillips, 2003). Alguns fatores específicos que influenciam essas adaptações são importantes para observar.


Todos os estudos mostram que homens e mulheres respondem aos estímulos do treino de resistência de maneira muito similar. Entretanto, devido às diferenças dos gêneros em termos de tamanho corporal, composição corporal e níveis hormonais, o gênero terá um efeito variável na extensão da hipertrofia que uma pessoa possa desenvolver. Também acontecerão grandes mudanças na massa muscular em indivíduos com mais massa muscular no início do programa de treinamento. Veja isso

O envelhecimento também participa das mudanças celulares na redução muscular da massa muscular existente. Essa perda de massa muscular chama-se sarcopenia. Felizmente, os efeitos deteriorantes do envelhecimento nos músculos mostraram estar restritos ou até mesmo revertidos com exercícios regulares de resistência. O importante é que o exercício de resistência também melhora a conectividade do tecido em torno do músculo, desta forma sendo benéfico para a prevenção de lesões e na terapia de reabilitação física.


Hereditariedade diferencia a porcentagem e quantidade de dois tipos de fibras. Em humanos, o tipo de fibras cardiovasculares têm sido chamadas em momentos diferentes de fibras vermelhas, tônicas, Tipo I, baixa-contração (ST), ou de baixa-oxidação (SO). Contrariamente, as fibras do tipo anaeróbicas têm sido chamadas de brancas, fásicas, Tipo II, alta-contração (FT), ou alta-glicólise (FG). Uma subdivisão subsequente das fibras Tipo II é a LLA (alta-oxidação-glicolítica) e fibras LLB (alta-glicólise).


É importante mencionar que os sóleos, um músculo envolvido em manter a postura e o passo, geralmente contêm de 25% a 40% mais de fibras Tipo I, enquanto o tríceps tem de 10% a 30% mais fibras Tipo II que os outros músculos do braço (Foss e Ketyian, 1998). As proporções e tipo de fibras musculares variam em grande escala entre adultos. Sugere-se que os novos e populares modelos de periodização de treinamento, as quais incluem as fases de treino leve, moderada e alta intesidade, sobrecarregam satisfatoriamente os diferentes tipo de fibras musculares do corpo, enquanto também fornecem descanso suficiente para que ocorra a síntese de proteína.


Resumo da hipertrofia muscular

O treino de resistência leva ao estresse ou à lesão das proteínas celulares nos músculos. Isso acelera as mensagens celulares para ativarem as células satelitais a iniciarem eventos em cascata, levando a uma reparação e ganho de massa muscular. Diversos fatores de crescimento estão envolvidos para regular os mecanismos de mudança no número e tamanho das proteínas dentro do músculo.


A adaptação do músculo ao estresse da sobrecarga do exercício começa imediatamente após cada série de exercício, mas geralmente leva semanas ou meses para que ele se manifeste fisicamente. O tecido mais adaptável no corpo humano é o músculo esquelético, e é notavelmente remodelado após contínuos e cuidadosos programas de treinamento como este AQUI

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